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- 13/12/18

Perspectivas para o Brasil em 2019: otimismo com cautela e momento para tomada de decisões informadas

Com as eleições presidenciais brasileiras sendo vistas pelo retrovisor, os investidores internacionais começam a apostar no mercado brasileiro em 2019.

Em um cenário de desenrolar da guerra comercial EUA-China e de desaceleração econômica dos EUA, as novas possibilidades de investimento que aparecem no horizonte brasileiro são atrativas para players que busquem uma meta de investimento diversificada. Nos últimos 6 meses, a valorização do índice da BOVESPA (principal Bolsa de Valores da América Latina) apontam um crescimento de aproximadamente 20%, tendo quebrado sucessivamente recordes de pontuação.

Contribuiu com esse aumento de expectativas a indicação de nomes para os ministérios e alto escalão do governo de Jair Bolsonaro. Os 22 nomes indicados para os ministério são vistos com bons olhos pelo mercado pelo alinhamento ao liberalismo proposto pelo presidente Bolsonaro e seu “super” ministro, Paulo Guedes. Resta agora verificar se essa equipe formará um time vencedor capaz de diminuir o peso do estado brasileiro nos contribuintes, reduzir a burocracia e, ao mesmo tempo, fomentar uma retomada acentuada do crescimento.

Um das bandeiras mencionadas durante a eleição é a privatização de grande parte das 156 empresas estatais, que se envolveram na última década em escândalos bilionários de corrupção. Uma outra sinalização que está sendo vista com bons olhos e certa desconfiança é uma simplificação tributária expressiva que coloque o Brasil em parâmetros mundiais de competitividade, reduzindo a burocracia e complexidade.

A grande incerteza que paira sobre o cenário econômico brasileiro para 2019 é a capacidade do novo governo de aprovar reformas vistas com importantes para o mercado, principalmente a reforma da previdência. Ainda assim, é possível indicar pelo menos três fatores para ser otimista em relação à economia brasileira em 2019.

Primeiro, Bolsonaro receberá o país com números econômicos melhores que os recebidos por seu antecessor. A inflação está em queda e com expectativa de fechar o ano abaixo da meta de 4,5%; a taxa de básica de juros, a Selic, está em seu menor nível histórico, os atuais 6,5% ao ano. Nos resultados do PIB do terceiro trimestre, o consumo das famílias, que representa 60% do PIB brasileiro, cresceu 0,6% em comparação com os três meses anteriores, quando tinha variado 0,1%. Também se observa uma melhora gradual do mercado de trabalho, com o IBGE indicando em novembro a sétima queda mensal seguida do índice de desemprego no país.

Segundo, os investidores nacionais trabalham com cenários positivos para a economia brasileira em 2019. Itaú e Bradesco, os dois maiores bancos privados do Brasil, melhoraram recentemente sua previsão para o desempenho da economia em 2019. O Itaú projeta agora um crescimento 2,5% em 2019, acima dos 2% previstos anteriormente, enquanto o Bradesco subiu sua precisão de 2,5% para 2,8%. Para o Bradesco, “a economia brasileira encontra-se em uma posição cíclica favorável à retomada do crescimento”. Já o Itaú afirmou que espera que a taxa básica de juros permaneça inalterada em 6,5% durante todo o ano de 2019.

Terceiro, entidades internacionais começam a fazer suas apostas na economia brasileira. Embora tenha revisado para baixo suas previsões de crescimento global, a OCDE afirmou em documento recente que a recuperação do crédito e a melhor visibilidade da ação pública com o novo governo favorecem a retomada da economia. Olhando ainda além de 2019, a organização afirmou que prevê um crescimento de 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, puxado por um aumento do consumo privado e sustentado por uma esperada melhora das condições no mercado de trabalho. Já o chefe da Estratégia de Ações para a América Latina e o Brasil do banco J.P. Morgan, Emy Shayo, afirmou recentemente à Forbes que “Nossa visão é que estamos entrando em um ciclo de lucros muito positivo para as empresas brasileiras e os resultados estão começando a mostrar isso”.

Assim, apesar da cautela necessária, o cenário econômico recomenda otimismo. Janet Mui, economista global da Cazenove Capital, resume da seguinte maneira a situação: “O mercado será volátil para os mercados emergentes no início do ano que vem, de qualquer maneira, enquanto todos tentamos descobrir o que acontecerá com o dólar”, diz. “Mas, novamente, esse tipo de volatilidade é uma oportunidade.”